NALDOVELHO
O tempo que eu tenho
abre sulcos no meu corpo
e expõe tramas de veias,
vida que escoa impunemente
engolida pelas areias
de uma ampulheta que ninguém vê.
A dança do tempo que eu tenho
adora os compassos de uma valsa,
e a melodia pulsa pelas ruas da
cidade,
e diz que a existência é uma
criança,
que mesmo depois, continuará a florescer.
E eu que já sangrei tantas vezes,
que morri e amanheci poeta,
que fui ao mesmo tempo
aspereza e delicadeza,
sei que mesmo depois
de desembocar no mar,
continuarei a navegar.
O tempo que eu vivo
deixa marcas em minha alma
e são elas que vão me diferenciar
das outras gotas no mar.
Um belíssimo pensar poético sobre o enigma "tempo"... Bravo !
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