NALDOVELHO
Quando eu vejo o dia morrer
lá pros longes daquele rochedo,
fico aqui em meu canto
a fuxicar no meu umbigo,
na esperança de alguma história,
coisa escondida em minha memória,
casquinhas de velhas feridas,
poemas que precisem sangrar.
E aí, no parapeito de minha janela,
eu coloco uma taça de vinho
e deixo lá por um tempo
ao alcance do sereno da noite
e se possível da luz luar.
Depois, bebo em pequenos goles,
ao som de um trompete malvado,
folha de papel ao meu lado...
Coisa danada de boa,
acreditar que através do poema
eu ainda possa sonhar.
Quando a noite já vai alta
e a madrugada surge em meu quarto,
carinhosamente eu lhe dou um abraço,
pois sei que dentre em pouco
nasce um novo dia,
e eu preguiçosamente me absolvo
dos pecados que trago comigo,
pois eu sei, ainda existem feridas,
poemas que precisam sangrar.
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