NALDOVELHO
Eu conheci um sujeito,
que o povo chamava de Gravatinha,
gostava de sonhar com a lua
e dizia que volta e meia
comia uma estrela que ele
encontrava
bêbada pelas esquinas
e que eram suas as coisas que descobria
quando garimpava pelas ruas.
Já faz um tempo me mostrou um
poema,
e nele a palavra estupefato,
que ele jurava ter criado
numa noite de lua cheia,
lá pros lados do Preventório,
num tête-à-tête
com uma sereia.
Sujeito sabido era esse tal de Gravatinha,
até conversar com poste ele
sabia,
e dos pássaros ele dizia
conhecer as manhas que escondiam.
Adorava beber um pinga,
e não poupava nem as de um despacho,
dizia que o santo permitia,
e dava gargalhadas quando avisavam:
- um dia vai dar merda
Gravatinha!
Quarta-feira passada, eu fiquei
consternado,
disseram que o pobre coitado
foi acertar as contas com os
compadres,
e tudo por culpa de uma das
estrelas
que o povo fala que ele comeu.
Comer estrela é complicado!
Dizem que essa tinha dono,
um cara de andar macio,
dono de muitas esquinas,
que eu nem me atrevo a falar o
nome.
Mas já houve também quem dissesse
que ele anda recolhido lá no
Preventório,
pois de tanta cachaça de santo
que bebeu,
parece que enlouqueceu!
Pobre do Gravatinha!
Comer estrela, beber cachaça de
santo...
Tanto fez, tanto fez,
que eu acho que ele se
fodeu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário