segunda-feira, 6 de junho de 2016

ABRIGOS

    NALDOVELHO

    E se o tempo nos fizesse uma surpresa
    e nos trouxesse a vontade de construir abrigos?
    Quão acolhedores seríamos?
    Deixaríamos janelas e portas abertas?
    Ou só receberíamos por lá,
    o amor, a ternura e o carinho?
    
    E assim sendo, seriam necessitados
    aqueles que batessem à nossa porta?
    Seriam eles os pobres de espírito,
    portadores de doenças da alma,
    gente em busca do perdão e da compreensão?
    Ou nesses abrigos só seriam aceitos
    os puros de coração?

    Que abrigos seriam esses?
    Hospitais de cura ou prisões?
    Seríamos nós nessas casas de acolhimento,
    terapeutas, ou carcereiros?

    Um velho peregrino uma vez me disse
    que seres de luz não precisam ser acolhidos,
    pois eles são o próprio abrigo,
    a própria redenção.

    Respondam-me então:
    que abrigos construiríamos?
    E se em algum deles poderíamos acolher
    a nossa intolerância e incompreensão?



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