sexta-feira, 10 de junho de 2016

FIAPOS DE LUZ

    NALDOVELHO

    Existem fiapos de loucura
    em cada rasgo na textura,
    em cada dose de absinto,
    em estar preso num labirinto,
    em cada perda não chorada,
    em cada dor cristalizada,
    em caminhar por noites escuras
    e na solidão que me leva a clausura.

    Existe um rasgo na textura
    e por ele eu percebo a loucura
    da dor que tenta destruir os meus planos,
    da amargura que ameaça os meus sonhos,
    de viver embaraçado num amontoado de fios,
    da sede, da fome e do frio,
    do sangue que escorre quando brota a paixão
    na impossibilidade de dar ouvidos à razão.

    Mas existe também o carinho e a ternura
    nos dias e noites de inquietude e procura,
    no inexorável amanhecer a cada dia,
    na passarinhada a me ensinar a magia
    do perfume inebriante do jasmim,
    nas asas que hoje existem dentro de mim,
    e em tudo aquilo que eu semeio por amor,
    pois a cada verso menor será a minha dor.

    Eu percebo fiapos de luz
    toda a vez que a poesia
    me chama para mais uma dança.

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