NALDOVELHO
Quando
o vento frio me beija a boca
eu
escancaro a janela do quarto
só
para ouvir o som de violinos
e
colher no ar a certeza de um sonho
molhado
de paixão e sutilezas,
pois
é assim que eu me alimento do inverno.
Quando
o frio de junho me acaricia o corpo
eu
me lembro de um tempo de solidão e desterro,
de
andar pelas ruas a desafiar meus medos,
de
achar que eu podia dobrar todas as esquinas,
pois
por mais louca que fosse a viagem,
sempre
haveria como retornar ao lar.
Hoje,
na plenitude do meu inverno eu percebo
que
já estou por aqui faz um bom tempo,
e
que de tanto escutar violinos em minha janela,
eu
fiquei viciado no frio que me acaricia o corpo,
em
colher gotas de chuva nos dias nublados,
em
renascer poesia em todas as coisas que eu faço.
Quando
setembro vier, vou saudar primavera,
vou
brindar meus tropeços e recomeços,
e
na esperança de pode continuar a colher delicadeza
vou
escrever poemas de amor, todos sem espinhos.
Hoje
o mês é de inverno e daqui a pouco será agosto,
quando
chegar o dia três eu costumo renascer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário