segunda-feira, 6 de junho de 2016

RENASCER

    NALDOVELHO

    Quando o vento frio me beija a boca
    eu escancaro a janela do quarto
    só para ouvir o som de violinos
    e colher no ar a certeza de um sonho
    molhado de paixão e sutilezas,
    pois é assim que eu me alimento do inverno.

    Quando o frio de junho me acaricia o corpo
     eu me lembro de um tempo de solidão e desterro,
    de andar pelas ruas a desafiar meus medos,
    de achar que eu podia dobrar todas as esquinas,
    pois por mais louca que fosse a viagem,
    sempre haveria como retornar ao lar.

    Hoje, na plenitude do meu inverno eu percebo
    que já estou por aqui faz um bom tempo,
    e que de tanto escutar violinos em minha janela,
    eu fiquei viciado no frio que me acaricia o corpo,
    em colher gotas de chuva nos dias nublados,
    em renascer poesia em todas as coisas que eu faço.

    Quando setembro vier, vou saudar primavera,
    vou brindar meus tropeços e recomeços,
    e na esperança de pode continuar a colher delicadeza
    vou escrever poemas de amor, todos sem espinhos.
    Hoje o mês é de inverno e daqui a pouco será agosto,
    quando chegar o dia três eu costumo renascer.

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