NALDOVELHO
Pássaro
de penas douradas
pousou
no parapeito de minha janela,
sem
pedir licença invadiu meu quarto,
iluminou
livros, discos, cristais, retratos,
iluminou
também minhas guias, meus santos
e
cada canto, todos os cantos, sombrios ou não.
Como
se fosse um anjo
ele
tomou conta do meu amanhecer
e
me mostrou um canto de delicadezas,
coisa
trazida de um mundo de sonhos,
verdades
que se colocadas em cima de uma mesa
trariam
o arrepio, a ternura, a paixão.
Como
se eu fosse um poeta,
escrevi
versos de exaltação ao universo,
cantigas
com a leveza de uma pena,
onde
imagens povoadas de luz
revelavam
um tempo de amor
a
ser colhido num porvir.
Mas
num misto de assombro e tristeza,
escutei
notícias dos longes,
e
caminhei nervoso pela casa
a
buscar em todos os cômodos
palavras
que me devolvessem a crença
em
Deus, na magia, nos homens...
Rasguei,
então, todos aqueles poemas,
fui
até o parapeito da janela
e
percebi que anoitecia em minha cidade,
e
que pássaro dourado tinha ido embora,
assustado
com a violência dos homens,
não
estava mais ali!
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