quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

ÀS VEZES

    NALDOVELHO

    Às vezes o dia nasce destrambelhado,
    mexe e remexe em meus guardados,
    como se procurasse por algo,
    sem que se saiba direito o quê.

    Às vezes ele vem apressado
    e passa assim atabalhoado,
    ignora os meus sentimentos,
    e sem o menor constrangimento,
    vai embora sem dizer o porquê.

    Dias de papeis, pelo chão, largados,
    palavras sem sentido no verso,
    poemas sem pé nem cabeça,
    e uma sensação de vazio,
    que eu bem desconfio
    seja por conta da saudade
    que eu ainda sinto de você.

    Às vezes o dia nasce silencioso,
    brisa macia, suave magia,
    e eu vejo pássaros
    no parapeito da janela,
    e cismo que eles trazem notícias,
    você foi embora faz tempo,
    e eu fico embevecido com o canto,
    mas não entendo
    o que eles tentam me dizer.

    E na orla o mar revolto, 
    maresia, nuvens escuras,
    e o rochedo em luta feroz
    busca sobreviver.


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