domingo, 12 de janeiro de 2014

UMA CERTA BRISA QUENTE PELO AR - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

   NALDOVELHO

   Eu preciso de uma canção
   que extraia dos meus versos as lágrimas,
   que nem sei por que cargas d’água,
   eu teimo em chorar por lá;
   que tenha uma melodia inusitada,
   que dissipe nuvens sombrias,
   que traga em sua pauta uma chave,
   que abra muitas portas,
   que saúde o fim da clausura,
   que seja candeeiro aceso
   em noite solitária e escura,
   que me restabeleça a paz.

   Eu preciso de uma canção
   que tenha harmonias sagradas,
   que seja abrigo seguro
   e ao mesmo tempo estrada,
   que fale do amor que eu tenho
   e ao mesmo tempo não tenho,
   dos poemas deixados registrados
   nas paredes daquela casa,
   que possa revelar o mistério
   das águas que correm macias,
   que já foram nuvens, já foram chuvas
   e amanhã serão mar.

   Eu preciso de uma canção
   com cheiro de lua cheia,
   que me lembre do primeiro beijo,
   que me cause tremor nas pernas,
   que seja plena em delicadezas:
   seu sorriso, seu olhar, sutilezas;
   que seja molhada de orvalho
   e que faça o tempo correr ao contrário,
   que me faça sentir arrepio
   ao lembrar daquela praia deserta
   naquela noite de novembro
   e de uma certa brisa quente pelo ar.  

4 comentários:

  1. Belo poema. É a própria canção que inspira o o autor! Meu abraço.

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  2. Belíssimo poema, parabéns amigo Naldo Velho, mais uma pérola para a preciosa coleção.

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  3. COMO UMA ONDA NO MAR OU CHOVE , CHUVA...<3..:)

    MAGAL ROCHA....!!!!

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  4. Poeta Naldo Velho esta tua poesia é um apelo ao aconchego regado a uma cantiga de ninar sob uma lua cheia e brisa suave. É a lembrança de uma fase inesquecível e esquecida no tempo. É o sonhar de olhos abertos enquanto se tem sentidos para valorizar a beleza, a natureza e o amor. Bravo!

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