segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

NAQUELA CASA - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

    NALDOVELHO

    Naquela casa reina o silêncio,
    portas, estranhamente, fechadas
    e num canto da varanda
    um cachorro distraído
    rói um osso e nem percebe
    a minha presença por aqui.
    A rede vazia, recolhida, entristecida,
    sente falta de nós dois.
    Um vento suave acaricia samambaia,
    um vaso de pálidas begônias
    um tanto ou quanto ressequidas
    e a sensação de ouvir sua voz,
    de escutar seus passos,
    de sentir seus braços,
    o cheiro do seu corpo,
    sua assombração!

    Na lateral da casa,
    onde antes existia uma garagem,
    uma parreira de uvas verdes e azedas.
    Na frente: flamboyant vermelho
    saúda alegremente o verão.

    No portão um aviso:
    mudou-se daqui faz tempo
    e nem endereço deixou.
    E eu nem sei por quê
    fico insistindo
    em voltar por aqui! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário