NALDOVELHO
Há uma urgência que transpira
inverno
encharcando as paredes da minha casa.
Domingo, princípio de junho,
na realidade fim de outono,
mas no horizonte já se percebe
o frio das coisas querendo se
achegar.
E a solidão deitada no chão do
meu quarto,
e na prateleira da estante o teu
retrato,
sorri e me pede um beijo, um
abraço.
No ar um tango sofrido, ardido...
Astor Piazzolla sabia o tom exato
da tristeza que sem pedir licença,
diz desaforada que veio para
ficar.
Linhas entrelaçadas histórias,
saudade, nostalgia,minhas
memórias...
E o veneno a circular
impunemente em meu corpo,
e eu busco na poesia um antídoto,
mas ela arredia diz: hoje não!
Há uma urgência nas coisas que eu
faço,
na vontade de semear madrugadas,
na necessidade de dobrar
esquinas,
na incapacidade de sobreviver ao
silêncio,
na possibilidade de ter que ir
embora,
nos poemas guardados na gaveta,
em todas as coisas que me povoam as
horas
e que na realidade são as donas
deste lugar.
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