NALDOVELHO
Os sinos da igreja despertam o
poeta,
já são seis horas, tarde noite
chuvosa,
e as pessoas não dão conta do
estrago,
não percebem o sofrimento dos
seus,
tão pouco as esquisitices de
Deus,
não conseguem se libertar das
teias,
aprisionadas a sua incompreensão.
Os sinos atiçam as palavras,
mas o poema se contorce em minha
boca,
presa fácil, esmagada entre os
dentes,
versos triturados, pastosos,
não conseguem fluir significados,
não se prestam às minhas
verdades,
palavras aprisionadas no breu.
Os sinos sacodem a noite,
já são seis horas nesta cidade
nublada,
e no rádio do carro a Ave Maria
atropela meu coração ateu,
e eu me lembro do Júlio Louzada,
da Vó Miudinha e de suas novenas,
e a sua voz explode em meus
ouvidos:
- meu neto, você precisa acreditar
em Deus!
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