NALDOVELHO
O dia acordou mal humorado,
nuvens rabugentas, um estrago!
Tomou um café amargo,
fumou um cigarro
e caminhou trôpego pelas ruas,
mais parecia embriagado.
Depois de um tempo
o dia cuspiu tempestade,
espalhou ventos pela cidade,
atiçou a inquietude do poeta,
misturou palavras e significados;
não satisfeito, entrou numa igreja,
assistiu a missa das seis
e debochou da pretensão do padre
que acredita poder falar com Deus.
O dia perambulou feito um louco,
sentiu a fome dos hereges,
entrou numa pensão barata,
pediu um prato de comida,
comeu como se fosse um porco,
arrotou constrangimentos,
riu da ingenuidade dessa gente
que insiste em acreditar em Deus.
O dia entardeceu rebeldia,
se misturou aos meliantes nas praças,
fumou crack com os pivetes,
bebeu muita aguardente,
procurou por um beco fedorento,
fez por lá suas necessidades,
anoiteceu!
A noite ficou assustada
com as loucuras que ela via,
pediu ajuda as estrelas
para quem sabe num passe de magia,
suavizar a aridez daquele dia,
enternecer seu coração.
O poeta entristecido a tudo observa,
coração sangrando aos pedaços,
cada pedaço um poema,
esperança que possa nos trazer
calmaria,
para que possamos consertar todo o
estrago,
pois ainda que o poeta não tenha dito,
o poema precisa acreditar em Deus!
Nenhum comentário:
Postar um comentário