NALDOVELHO
Quem olha para minha casa,
certamente vê,
tijolos, areia e aréola,
pedra, ferro, vigas e colunas,
telhas, portas e janelas,
design, mão de obra, construção.
Eu vejo um abrigo,
um ninho de privacidades,
enredos, intimidades, segredos,
espaço sagrado, um templo,
e tenho a certeza: um lar!
Quem olha para mim,
certamente vê
um homem maduro;
pele, carne, ossos e órgãos,
já um tanto ou quanto gastos,
às vezes meio imaturo,
em outras, açodado,
destemperado, inseguro,
vida sendo devorada pela vida:
pedra sendo lapidada pela pedra,
erosão!
Eu vejo um abrigo,
e dentro deste abrigo
alguém que cultiva
jardins de delicadezas,
mas acima de tudo,
um poeta no exercício
de suas imperfeições
e ainda que seja para dentro,
um pássaro que gosta de voar.
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