NALDOVELHO
Quando te roubei um beijo
trouxe dos teus lábios
o gosto da lua cheia,
saliva com gosto de orvalho,
veneno curado de sereia
que até hoje circula
impunemente em minhas veias
e não se conhece antidoto
que possa me curar.
Quando te roubei um beijo
cometi a ousadia de um poema,
dos teus seios em minhas mãos,
aninhados,
das tuas pernas entrelaçadas às minhas,
de palavras embaralhas a um orgasmo,
janelas e portas fechadas,
e eu em teus braços aprisionado,
cativo do bem querer.
E a cada momento um novo verso,
e em todos me sentencio culpado
por ter te invadido abusado,
agora não tem mais jeito,
sou presa abatida em teus dentes,
sou carne fatiada e exposta,
sou teu pasto e repasto,
mistura de sêmen, suor e sangue,
semente que floresce em teu ventre,
e de um rio tu és a nascente,
nada mais poderia eu fazer,
estava escrito um derradeiro poema,
nada mais poderia eu dizer.
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