NALDOVELHO
Minha sina de ser fado,
lágrima derramada em silêncio,
guitarras emudecidas no armário,
e um poema sufocado em meu peito
reclama e pede passagem,
mas eu não sei onde guardei a chave.
Minha sina de ser sonho
a buscar caminhos
pelos estreitos de concreto
das ruas da minha cidade
e de ficar aprisionado
em becos sombrios de saudade.
Minha sina de ser vento
que passa e derruba
castelos de areia,
que espalha sobre a mesa
poemas, cartas, bilhetes,
que se alimenta de palavras
e se aprisiona aos significados.
Minha sina de ser nostalgia,
poeta que vive em meio a escombros,
que a cada passo tropeça e caí,
que continua a achar
que lhe falta um pedaço,
que abre a janela e suplica
a quem por maldade o levou
que tenha a fineza de devolver.
Minha sina de ser fado
com cheiro de bolero cubano
e ardido como se fosse um blues!
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