segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A CASA VAZIA

    NALDOVELHO

    A casa vazia lamentava
    a solidão dos seus quartos,
    chorava as vidraças quebradas,
    a poeira por todo o canto entranhada,
    o cheiro de adeus impregnado nas paredes,
    a umidade e o mofo acumulados por meses e meses.

    A casa vazia sente saudade
    dos sonhos que por lá nos brindavam,
    das horas que pulsavam ternuras,
    da delicadeza das nossas loucuras,
    das palavras que carinhosas se abraçavam,
    da poesia que fomos capazes de cometer.

    A casa vazia entristecida hoje chora...
    Goteiras, rachaduras, prenúncio de demolição,
    fantasmas abraçados aos detritos,
    é noite ainda e o silêncio é insuportável.
    E na sala, em cima do piano, um livro empoeirado,
    parece um diário, coisas escritas sobre nós dois.



     


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