NALDOVELHO
Pedrinha
redondinha de beira de rio
que nunca
matou passarinho,
faca afiada
de fatiar poemas
que nunca sentiu
gosto de sangue,
tesourinha
de picotar emoções,
às vezes
gosto de embaralhar a vida,
brincar de
quebra cabeça depois;
retrato da
minha amada,
a sete
chaves em segredo,
de modo que
só eu possa ver,
um pedacinho
de lua cheia
que eu garimpei,
faz tempo,
Zona da
Mata, Minas Gerais,
um pequeno e
perfumado lencinho
com o nome
daquela menininha
que beijou
com gosto de amora,
depois
desapareceu na fumaça
e não voltou
nunca mais;
uma bússola
quebrada,
nem me
lembro de quando perdi o rumo,
só sei que
foi há muito tempo!
três livros
de poesia, versos pretensiosos,
registro dos
meus ais,
numa pequena
caixinha de madeira,
pétalas
ressequidas, espinhos
e um lindo e
imantado terço
que a Irmã
Adélia abençoou.
E eu
continuo a colecionar
miudezas, estranhezas,
delicadezas...
O dia que eu
morrer, enterrem
tudo comigo,
não tem
serventia “procês”.
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