NALDOVELHO
Lua inquieta, horas ardidas de frio, ruas que parecem desertas, mas sempre haverá o
arrepio, um assombro num beco vazio, alguém abraçado aos escombros, tentando se
libertar.
E
a porta daquele bar aberta, uma boa dose de conhaque e na
radiola, sonoridades da alma, e um saxofonista faz um estrago; contrabaixo,
bateria e piano, harmonias de desenganos nas teias intrincadas de um jazz.
Ela
se achega e pede um cigarro, carrega um sorriso amargo, beleza embaçada
por mágoas. Pergunto se quer um conhaque, mas ela prefere um vermute, diz que é
para suavizar a noite, pois o sol não tarda a raiar. Pergunta, então, o meu
nome, e se a solidão também dói em mim, e os meus olhos respondem que sim!
Olhares,
cumplicidades, afagos... Pago a conta e me enlaço em seus braços, e vamos pelas
ruas silentes, em direção ao meu quarto e refúgio, entrelaçar nossos corpos
sedentos, fingir que vivemos um sonho.
Chego
à porta do meu quarto e estremeço com o vazio das horas. Ela disse com
um aceno que vinha, mas sumiu na última esquina, evaporou em meio à neblina e nem
me disse adeus. E eu nem sei o seu nome!
Crônica
de uma lua inquieta numa noite friorenta de inverno, solidão em meio aos
escombros, loucura a me causar arrepios. Vou para a cama e durmo, já
nem sei se me importam os porquês.
Hoje, já é um novo dia e eu continuo nessa cidade, exilado que sou de Você.
Hoje, já é um novo dia e eu continuo nessa cidade, exilado que sou de Você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário