domingo, 25 de dezembro de 2011

O QUE DE MELHOR EU SEI FAZER (ARQUIVO)


   NALDOVELHO


   E me trouxeram aquela nascente,
   que sem mais nem menos
   se transformou em rio
   de muitas vertentes,
   algumas de águas tão calmas,
   outras, de águas de enchente.
   Mas havia sempre aquela
   que volta e meia
   inundava meu quarto
   e não havia nada
   que eu pudesse fazer.

   E me trouxeram aquela lua,
   que por ser ainda menina
   gostava de brincar de roda,
   só que sem mais nem menos
   a lua que eu tinha cresceu
   e hoje ocupa todo espaço,
   e ao derramar pela janela,
   ilumina tudo o que eu faço
   e faz com que meus versos pareçam
   contaminados de lua cheia.

   E me trouxeram aquela paixão,
   e com ela construí castelos de areia,
   só que sem mais nem menos
   vieram as corredeiras e nada me restou.
   Hoje o que ficou foi a saudade
   que volta e meia inunda o meu quarto
   e não há nada que eu queira
   ou possa fazer.

   E me trouxeram o tempo,
   e com ele a dança das águas,
   o sangue coagulado,
   os corte cicatrizados
   e a certeza de que de repente
   eu vou desaguar no mar.
   Só que ainda assim,
   levarei meus versos de lua cheia,
   pois é o que de melhor
   eu sei fazer.

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