quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

NÃO QUERO (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Não quero a letra fria,
   mal intencionada e perversa
   a promiscuir-se em meus versos,
   pois a ela só interessa
   destruir minha emoção;
   tão pouco a rima obscura,
   corrompida e grosseira,
   a envenenar meus poemas
   e a acasalar-se obscena
   às lembranças, histórias,
   guardados...

   Não quero a imagem obtusa
   a poluir minha saudade
   com racionalismos, verdades,
   deixando-me os sonhos
   reclusos na desilusão.
   Prefiro chorar meus poemas,
   em versos que sejam de chuva,
   ou então de incertezas de planos,
   de notas demenciadas de um piano,
   de caminhos por ruas incertas,
   madrugadas inteiras de insônia,
   pois só assim eu me vejo completo
   e mantenho acesa a chama
   que existe em meu coração.

Um comentário:

  1. ‎"Prefiro chorar meus poemas,
    em versos que sejam de chuva..."

    Ah, versos que caem
    em gotas de chuva
    versos que se esvaem
    em lágrimas contidas
    em folhas nuas
    brancas e sem vida
    em palavras cruas

    Ah, versos que se nutrem
    de dores e de amores
    Versos que fluem
    transbordando em cores

    Ah, versos que são puros
    que transpõem muros
    Versos que se quedam
    Versos que se enredam

    Ianê Mello

    Tão lindo que me inspirou versos... Obrigada, amigo. Bjs.

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