NALDOVELHO
Foi bem assim:
você tocou a campainha,
eu abri a porta,
você entrou, tirou os sapatos,
caminhou pela sala,
deliciosamente descalça,
deu aquele sorriso abusado,
foi em direção ao meu quarto
e sem a menor cerimônia
em minha cama deitou.
Eu, surpreso, parado na porta,
escorado no batente,
sem saber direito o que fazer,
sem ter pernas pra correr,
sem ter boca pra falar,
tonto, não conseguia sair do lugar.
Foi bem assim:
você perguntou se eu queria,
nem esperou resposta,
e antes que pudesse dizer não,
me fatiou em postas,
me saboreou aos pedaços,
tudo com muita delicadeza,
e eu de olhos abertos gemia,
misto de dor e prazer.
Foi bem assim:
anoitecia, você rapidamente se levantou,
foi até a janela, acendeu um cigarro,
nesse tempo você ainda fumava,
perguntou se eu queria,
disse meia dúzia de palavras tristonhas,
e eu percebi que você não mais sorria,
e eu senti que era a hora do adeus.
Foi bem assim!
e eu fiquei aqui tentando juntar os
pedaços,
emendar o que foi fatiado,
tenho a certeza de que estão faltando
partes,
coisas de fundamental importância
que você por pura maldade devorou.
Foi bem assim!
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