terça-feira, 1 de novembro de 2011

UMA TELA NUM QUADRO (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Imagens suaves ao traçar um esboço.
   Na tela o teu sorriso 
   vai tomando forma e gosto,
   recriar teu rosto em todos os contornos...
   É o meu jeito de dizer o quanto
   eu te amo, te quero e preciso.

   Diferentes matizes 
   e ainda um pálido esforço.
   Retratar-te é o meu vício, 
   não consigo parar!

   Olho para o espelho 
   e vejo o meu rosto,
   já não tenho vinte anos, 
   quantas marcas, enganos...

   Vou até a janela 
   e lá fora é novembro.
   Imagino-te tão bela, 
   miragem, oásis,
   e ao acreditar em magia,
   materializo-te em meu quarto.

   Na tela eu já percebo 
   um carinho absurdo,
   e uma saudade ardida 
   como pano de fundo.

   O cigarro entre os dedos, 
   só falta um conhaque.
   Conhaque eu não posso, 
   fumar também não...
   Só não consigo parar!

   Talvez se deste quadro 
   tu saltasses da tela
   e ao enlaçar-me em teus braços 
   me desse abrigo,
   fazendo-me querido 
   e de fundamental importância,
   quem sabe então o tempo 
   arrependido pelos estragos
   parasse de passar 
   e deixasse voltar de presente
   o nosso passado...

   Tua imagem na tela 
   já se faz quase pronta,
   alguns poucos detalhes, 
   delicados momentos.

   Pouca coisa nos falta 
   para que concretizado este quadro
   possamos ficar nos olhando: 
   eu aqui, só, neste quarto,
   preso as minhas nostálgicas lembranças
   e a esperança de reviver nosso amor.

Um comentário:

  1. Que amor tão bonito, tão sereno, que poema tão maravilhosamente conseguido...

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