NALDOVELHO
Longe de mim
a morte desfaz os nós,
desembaraça os fios,
constrói novos enredos
e diz que assim lhe ensinou o Pai.
E ela é um anjo sofrido,
carrega em sua montaria
alforjes cheios de culpas
e o rosto crispado
pelos seus próprios ais.
Longe de mim
a morte é guardiã do depois,
descortina caminhos de ir,
conduz legiões de esquecidos,
todos em busca da paz.
A morte tem as asas
encharcadas de lágrimas,
dos amigos, dos inimigos,
gente pobre, gente rica;
neste caminho são todos iguais.
Perto de mim
a morte devora o meu tempo,
em silencio tem dó da minha solidão,
mas ri da pretensão do poeta
de querer viver sempre um pouco mais.
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