sábado, 25 de fevereiro de 2017

ENTRE O INFERNO E O PARAÍSO

    NALDO VELHO

    Entre o inferno e o paraíso
    trilhas de pura insanidade.
    Um querubim a tudo assisti e sorri!
    E alguém grita de longe
    que o diabo também já foi um anjo.
    Verdades vazias, frases reticentes,
    portas fechadas, becos sombrios
    e um labirinto de vontades,
    no final dele uma esfinge me observa,
    e diz que um dia vai me devorar.

    Entre o sonho e o pesadelo,
    uma linha esticada, um novelo,
    se afrouxar demais embaraça,
    se esticar muito arrebenta,
    coração quase não aguenta
    andar no limite da loucura,
    viver em busca de ternura,
    naufragar tão perto do cais.
    E a esfinge se põe a sorrir
    na certeza de um dia me devorar.

    Entre a solidão e a clausura,
    um punhado de noites desertas,
    mais de mil poemas escritos
    na tentativa de um dia ser um anjo,
    poder voar como voam os pássaros,
    e a vontade de abrir a janela,
    expulsar a inquietude do meu quarto,
    desembaraçar de vez este novelo,
    e matar a danada esfinge
    que existe dentro de mim.




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