NALDOVELHO
Trago comigo um dia frio de outono,
já faz muitos e muitos anos,
uma história mal alinhavada,
muita poeira de estrada
a garganta seca, os olhos cansados,
um monte de memórias em meus
guardados,
uma janela aberta, raízes do passado,
um pote de delicadezas
estrategicamente colocado
em cima de uma mesa,
vez em quando pego uma
e escrevo pra vocês.
Trago comigo uma brisa suave,
chuva fininha ao cair da tarde,
um tempo que lentamente escoa,
palavras fazedeiras que vez por outra
ecoam,
lágrimas no canto dos olhos
escondidas,
cicatrizes, medalhas, algumas
feridas,
a engrenagem dos tempos, a solidão dos
loucos,
um monte de espinhos, ainda restam
uns poucos,
uma gaveta cheia de quinquilharias,
coisas desimportantes, bobagens,
poesia,
pedrinhas brilhantes, cristais de
quartzo,
ainda bem que as tenho, iluminam meu quarto.
Trago comigo um canto maldito,
perdas e danos de um coração aflito,
harmonias dissonantes, melodia estranha,
uma garrafa de conhaque, uma sede tamanha,
uma cigarrilha cubana, muita fumaça, conflitos,
o sangue coagulado, veias entupidas,
detritos,
a vontade de crescer, apesar dos meus
medos,
um monte de segredos, coração em
desterro,
dúvidas, incertezas, um amontoado de erros,
ultimamente dei pra rezar, mas o faço
em segredo,
normalmente antes de dormir e ao som
de um blues.
A-MEI! A-MEI!
ResponderExcluirNossa! Que lindo poema! Nostálgico, bem no estilo que eu gosto. Parabens! Gostei!
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