domingo, 4 de dezembro de 2016

O VENTO QUE ME ACARICIA

    NALDOVELHO

    O vento que me acaricia o rosto
    é brisa suave que vem de longe,
    e traz cheiro de mato,
    perfume extraído do desejo,
    que afasta de mim os meus medos
    e desperta no poeta uma fome,
    coisa estranha e selvagem,
    que revira minhas entranhas,
    e aí eu me lanço em viagem,
    nem sei bem pra onde vou.

    O vento que me acaricia o corpo
    varre a poeira do meu quarto,
    afasta de mim o cansaço,
    prorroga o tempo que eu tenho,
    me convida pra mais uma dança,
    me envolve em carícias indecentes,
    encontro marcado ao anoitecer,
    e assim vou como se fosse um louco
    pelas ruas da minha cidade
    girando até desfalecer.

    O vento que me beija o rosto,
    sussurra em meus ouvidos palavras,
    poemas, gemidos, loucuras,
    um amontoado de sonhos, ternura,
    e desperta lá das funduras
    a vontade de amar outra vez.


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