NALDOVELHO
O vento que me acaricia o rosto
é brisa suave que vem de longe,
e traz cheiro de mato,
perfume extraído do desejo,
que afasta de mim os meus medos
e desperta no poeta uma fome,
coisa estranha e selvagem,
que revira minhas entranhas,
e aí eu me lanço em viagem,
nem sei bem pra onde vou.
O vento que me acaricia o corpo
varre a poeira do meu quarto,
afasta de mim o cansaço,
prorroga o tempo que eu tenho,
me convida pra mais uma dança,
me envolve em carícias indecentes,
encontro marcado ao anoitecer,
e assim vou como se fosse um louco
pelas ruas da minha cidade
girando até desfalecer.
O vento que me beija o rosto,
sussurra em meus ouvidos palavras,
poemas, gemidos, loucuras,
um amontoado de sonhos, ternura,
e desperta lá das funduras
a vontade de amar outra vez.
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