NALDOVELHO
Na árvore dos enforcados
um ser padece solitário,
pela dor de mil e uma jornadas,
boa parte delas do lado errado da
estrada,
por ter recusado a cura
a um coração dilacerado,
por de ter negado o abraço
a uma alma em suplício,
por ter andado embriagado
pela beira do precipício,
por ter mergulhado no abismo,
pelo prazer de não querer retornar
e por isso ter que repetir tudo desde
o início,
até conseguir compreender
a força libertadora de um sorriso,
de uma lágrima, de um carinho,
de um aperto de mão.
Na árvore dos enforcados
um ser padece solitário,
pelas riquezas escondidas
no fundo do seu armário,
pelas almas pisoteadas pelo caminho,
por ter escrito a ferro e fogo seus
desenredos,
por não ter libertado a palavra
guardando-a enclausurada em segredo
e por ter dado as costas aos seus
irmãos.
Na árvore dos enforcados
o silêncio é a derradeira paga
daquele que se negou a redenção.
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