NALDOVELHO
Eu tinha um livrinho de magia,
e quem me deu foi Vó Miudinha,
e nele todos os dias eu aprendia
feitiços de encantar coração.
Aprendia também a fazer poções,
onde ervas eram maceradas, sem pressa,
com palavras fazedeiras de poesia,
e elas curavam nostalgia,
feridas que custavam inflamadas
e chás que aliviavam dor de partida,
e espantavam a tristeza daqueles
que teimavam em caminhar na solidão.
Eu tinha um livrinho de magia,
nem sei bem onde deixei,
algumas receitas lembro bem,
outras fiz cópias por precaução,
mas a maior parte, acho, ficou
perdida
quando a casa que eu tinha
foi destruída na demolição.
A casa faz tempo foi reconstruída,
mas o livrinho não vi mais não!
Hoje fico aqui na incerteza
de qual erva devo usar
para curar esta dor abestada
que corrói minhas entranhas
toda a vez que amanhece outono,
dia nublado, de entardecer chuvoso,
e eu na janela do meu quarto,
buscando me livrar desta paixão.
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