NALDOVELHO
Houve um tempo de
amanheceres nostálgicos,
dias e dias de desassossego
e saudade,
onde ainda na mais
tenra idade,
meus cabelos já
denunciavam um tempo
diferente daquele que
eu devia ter,
e nos meus olhos o peso
de uma bagagem
que nem sei o porquê eu
trazia,
mas não conseguia compreender.
Houve um tempo de sonhar
com romances,
histórias sutilmente alinhavadas,
e encantado vivia
sempre em busca
de mais uma dança; rostinho
colado,
paixão a aflorar dos
meus olhos
e ingênuo que era, eu acreditava
na eternidade de um instante
que ficasse em meus
guardados
e que me trouxesse
motivos para viver.
Houve um tempo de brilho
nos olhos,
atrevimento, insensatez
e loucura,
de andar perdido pelas
ruas,
apesar do medo e da
solidão,
e eu não sabia ainda que
a poesia
era o remédio capaz de
curar feridas,
e apaziguar meu
coração.
Houve um tempo, agora é
outro,
onde a dor, a solidão e
a clausura,
não conseguiram me
aprisionar na amargura,
pois sabedor na ternura
que existe
nos caminhos de se viajar
por dentro,
vivo hoje abraçado a
minha imensidão.
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