quarta-feira, 30 de novembro de 2016

HOUVE UM TEMPO

    NALDOVELHO

    Houve um tempo de amanheceres nostálgicos,
    dias e dias de desassossego e saudade,
    onde ainda na mais tenra idade,
    meus cabelos já denunciavam um tempo
    diferente daquele que eu devia ter,
    e nos meus olhos o peso de uma bagagem
    que nem sei o porquê eu trazia,
    mas não conseguia compreender.

    Houve um tempo de sonhar com romances,
    histórias sutilmente alinhavadas,
    e encantado vivia sempre em busca
    de mais uma dança; rostinho colado,
    paixão a aflorar dos meus olhos
    e ingênuo que era, eu acreditava
    na eternidade de um instante
    que ficasse em meus guardados
    e que me trouxesse motivos para viver.

    Houve um tempo de brilho nos olhos,
    atrevimento, insensatez e loucura,
    de andar perdido pelas ruas,
    apesar do medo e da solidão,
    e eu não sabia ainda que a poesia
    era o remédio capaz de curar feridas,
    e apaziguar meu coração.

    Houve um tempo, agora é outro,
    onde a dor, a solidão e a clausura,
    não conseguiram me aprisionar na amargura,
    pois sabedor na ternura que existe
    nos caminhos de se viajar por dentro,
    vivo hoje abraçado a minha imensidão.

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