NALDOVELHO
Uma garrafa de vinho
suave, licoroso e tinto.
Janela entreaberta,
cidade molhada de outono
e cada vez mais eu percebo
cicatrizes, incertezas
e a possibilidade de uma lágrima
apesar do frio e da aspereza.
É só prestar atenção,
existirão sempre vestígios,
num sorriso ensimesmado,
num olhar mal disfarçado,
num pequeno gesto de ternura,
num acidental encontro de mãos.
Tem sempre uma história
por trás da solidão e da clausura,
tem sempre uma esperança
apesar de toda a loucura,
tem sempre a sede e a fome
a nos impulsionar pelo caminho
e a necessidade do amor
em cada gesto de carinho.
Tem sempre um poema
precisando ser escrito,
um amor faz tempo proscrito,
um fantasma escondido no armário,
uma saudade em busca de agasalho,
um vento arruaceiro,
uma sensação estranha,
um aperto no coração.
Uma garrafa de vinho
suave, licoroso e tinto.
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