NALDOVELHO
Da janela do meu quarto eu percebo
um doce lamento trazido pelo vento;
um único som emoldurado pelo silêncio.
No outono dos meus dias
a insônia ainda é um tormento
e o menor detalhe que seja
aguça meus sentimentos.
Já são quase quatro horas
de uma noite friorenta de junho,
das paredes do meu quarto
brotam palavras no idioma dos anjos,
algumas eu já entendo, a maioria não.
Daqui a pouco amanhece
e a madrugada invade meu quarto
em busca de palavras que possam
proporcionar-lhe uma prece,
anseia em ser traduzida por uma cantiga...
Triste sina de um lamento
trazido por um pé de vento.
Da janela do meu quarto eu percebo
um sol envolto em neblina
emoldurado pelo silêncio.
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