sexta-feira, 20 de julho de 2018

DIGA-ME


    NALDOVELHO

    Diga-me quantas estrelas
    você conseguiu colher
    antes do alvorecer?
    Quanta saudade
    conseguiu guardar
    nas trilhas de me esquecer?
    Quantas lágrimas,
    quanta nostalgia,
    noites inteiras
    passadas insones?

    Mostre-me o poema
    que você escreveu
    ao sussurrar meu nome.
    Conte-me da lua pequenina,
    lua nova menininha,
    que você acolheu
    em seus braços
    e que quando crescidinha,
    lua cheia de magia,
    você libertou.

    E eu direi que em mim,
    sobreviveu a loucura,
    o escândalo, a ternura,
    que ainda sinto o seu cheiro
    e sinto o tempo inteiro,
    que até hoje na gaveta
    da mesinha de cabeceira
    eu guardo a calcinha rendada
    que de sacanagem você esqueceu,
    que mantenho o seu retrato
    na terceira prateleira,
    lado esquerdo da estante,
    e que ele sorri toda a vez
    que eu escrevo um poema,
    e que aquela maldita música
    ainda soa em meus ouvidos,
    e não há nada que eu possa fazer.

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