NALDOVELHO
Noite friorenta de maio,
chuva fina, vento macio, delírio.
Um espinho resiste inflamado,
lado esquerdo do peito, encravado.
Uma lágrima no olho engasgada,
traz certa ardência,
quer revelar o estrago,
diz que chorar é preciso,
só que eu ainda não consigo.
Na palma da mão, cacos de vidro,
faz tempo, espetados.
Vejo ferrugem pra todo lado,
nostalgia colhida na orla,
e as palavras indecisas na areia
dizem que querem ficar,
mas maré vazante
quer levá-las pr’um outro lugar.
E se eu morresse amanhã de manhã?
E se o silêncio me tomasse de assalto?
Será que eu conseguiria chorar?
Noite friorenta de maio...
Alguém por aí tem uma pinça?
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