NALDOVELHO
Caminho em
círculos
daqui pra
lá, de lá pra cá,
faz tempo
assim, sem parar.
Às vezes sinto
minha alma em outro lugar,
às vezes
meus olhos me iludem
e eu penso Te
enxergar;
mas Te
enxergar eu não consigo...
Ilusão, assombração,
miragem
e eu aqui a
escrever um monte de bobagens
na pretensão
de forjar com palavras
chaves que me
permitam o acesso,
versos que
arrombem portas,
que me levem
bem distante...
Mas o
distante eu não consigo,
e uma vez
mais eu me vejo
voltando
para o mesmo lugar.
Heresia
diriam alguns!
Sacrilégio
diriam outros!
Mas eu
continuo na ilusão
de um dia
poder Te enxergar.
Passado,
presente e o futuro
se atritam dentro
de mim,
é o tempo a devorar
minhas entranhas.
Minha mente
presa num armário
e o meu
coração de um tempo pra cá
deu pra
bater ao contrário,
tanto que
qualquer dia desses
eu vou
acabar tendo que renascer.
Mas minhas
pernas ainda caminham daqui pra lá,
e mais que
depressa, de lá pra cá,
faz tempo
assim, sem parar.
E eu a me
contorcer nervoso
tento me
esgueirar por uma fresta de janela,
quero ver o
dia raiar!
Mas a poesia
em mim padece aprisionada
a uma
solidão cada vez mais perversa.
Vou até a
cozinha, tomo um café
e ainda sinto
vontade de fumar um cigarro.
Logo-logo amanhece
em meu quarto
e eu me
aquieto no mesmo lugar
na esperança
de um dia poder Te enxergar.
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