NALDOVELHO
Eu sei de uma lua inquieta,
pele irrigada de sardas,
luz encantada de minhas madrugadas,
que quando vem a minha janela,
já nem sei de mim,
ou se vou sobreviver.
Eu sei de uma lua repleta
de tramas, segredos, mistérios,
que transpassa paredes que me cercam,
que enrolada em minhas cobertas,
sussurra indecências
e finge construir permanências.
Eu sei de uma lua madrugadeira
que gosta de se infiltrar nos poemas
e diz que só assim valerá à pena
semear palavras molhadas,
sêmen, suor, saliva, paixão,
sementeiras de cultivar ilusão.
Eu sei de uma lua feiticeira
pois quando a noite vai embora
ela simplesmente amanhece,
e o que eu colho no chão do meu
quarto
é o silêncio das coisas vazias,
é o fruto amargo da solidão.
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