NALDOVELHO
Eu trago a ternura
estampada em meu sorriso,
um olhar meio assim sem juízo;
mania de caminhar
entre escombros
na esperança de colher
coisas esquecidas por seus donos.
Eu tenho o defeito
de levar muitos tombos,
meus amores, minhas perdas,
e a teimosia de caminhar
pela beira do abismo,
meio sábio, meio demente,
aprendiz na arte de ser gente.
Eu tenho o costume
de orar pelo mundo que eu vejo,
de construir caminhos
que dissolvam meus medos,
de cultivar em mim a solidão
que alimenta e devora,
nostalgia que não vai embora.
Eu trago em mim a delicadeza
que permeia meus sonhos,
coisa de quem acredita em magia,
e que nos estertores da madrugada
beija sempre a boca de um novo dia
e chora de emoção
ao ver o sol nascer.
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