domingo, 7 de maio de 2017

DELICADEZA

    NALDOVELHO

    Eu trago a ternura
    estampada em meu sorriso,
    um olhar meio assim sem juízo;
    mania de caminhar
    entre escombros
    na esperança de colher
    coisas esquecidas por seus donos.

    Eu tenho o defeito
    de levar muitos tombos,
    meus amores, minhas perdas,
    e a teimosia de caminhar
    pela beira do abismo,
    meio sábio, meio demente,
    aprendiz na arte de ser gente.

    Eu tenho o costume
    de orar pelo mundo que eu vejo,
    de construir caminhos
    que dissolvam meus medos,
    de cultivar em mim a solidão
    que alimenta e devora,
    nostalgia que não vai embora.

    Eu trago em mim a delicadeza
    que permeia meus sonhos,
    coisa de quem acredita em magia,
    e que nos estertores da madrugada
    beija sempre a boca de um novo dia
    e chora de emoção
    ao ver o sol nascer.


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