NALDOVELHO
Atrito, faísca, fogo!
O cigarro aceso entre os dedos
esconde meus medos.
Fumaça é feito neblina,
confunde a visão, esconde tessituras,
ameniza amarguras, alucina.
Se a noite que eu tenho é escura,
será a brasa do meu cigarro
candeeiro aceso a iluminar caminhos?
Depois, quantas vidas terei de viver?
Quantas dores terei que sofrer?
Quantas mortes terei que morrer?
Atrito, faísca, fogo!
Até hoje eu sinto medo,
até hoje eu percebo a neblina,
já não fumo faz tempo,
mas a poesia que eu tenho
ainda não dissipou a escuridão.
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