quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O MENININHO QUE GOSTAVA DE CATAR PEDRINHAS


NALDOVELHO

E tinha aquele menininho que gostava de catar pedrinhas coloridinhas nas areias daquela praia, lá pros lados do desassossego. E ele se ria, toda a vez que via o mar a fustigar o rochedo, e dizia que logo surgiriam mais pedrinhas que ele iria precisar catar. O menino adorava ver a natureza fazer o seu trabalho e inventava que cada pedrinha tinha uma história, que quando ele crescesse iria nos contar.

Mas o menino gostava também, e especialmente, das branquinhas, dizia serem pedacinhos de nuvens que o vento costumava lapidar, e que elas, todas, traziam ensinamentos gravados em palavras de anjo que um dia ele saberia nos passar.

Aquele menino adorava caminhar pela praia e seu maior prazer era o de inventar coisas; histórias que ninguém mais via, sentia ou sabia; só ele, o menininho que gostava de catar pedrinhas.

Certa feita, bem pertinho de um arvoredo nos limites da praia, além das pedrinhas ele encontrou um monte de penas, várias, lindas e prateadas, que ele mais que depressa pegou. Desde então, o menino e suas penas, passavam boa parte do dia nas areias daquela praia a escrever palavras que ninguém entendia, e que depois de algum tempo, tragadas pelo mar ou pelo vento, sumiam! E ele novamente se ria e dizia que eram poemas em palavras sagradas de anjo, que um dia, quando crescêssemos todos, ele poderia nos mostrar.


Há tempos, o menininho foi embora, partiu numa onda do mar, mas deixou comigo suas penas e a sua coleção de pedrinhas. Vez em quando pego uma para poder lhes contar. 



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