NALDOVELHO
E tinha aquele menininho que gostava de catar
pedrinhas coloridinhas nas areias daquela praia, lá pros lados do desassossego.
E ele se ria, toda a vez que via o mar a fustigar o rochedo, e dizia que logo
surgiriam mais pedrinhas que ele iria precisar catar. O menino adorava ver a
natureza fazer o seu trabalho e inventava que cada pedrinha tinha uma história,
que quando ele crescesse iria nos contar.
Mas o menino gostava também, e especialmente,
das branquinhas, dizia serem pedacinhos de nuvens que o vento costumava
lapidar, e que elas, todas, traziam ensinamentos gravados em palavras de anjo
que um dia ele saberia nos passar.
Aquele menino adorava caminhar pela praia e
seu maior prazer era o de inventar coisas; histórias que ninguém mais via,
sentia ou sabia; só ele, o menininho que gostava de catar pedrinhas.
Certa feita, bem pertinho de um arvoredo nos
limites da praia, além das pedrinhas ele encontrou um monte de penas, várias,
lindas e prateadas, que ele mais que depressa pegou. Desde então, o menino e
suas penas, passavam boa parte do dia nas areias daquela praia a escrever
palavras que ninguém entendia, e que depois de algum tempo, tragadas pelo mar
ou pelo vento, sumiam! E ele novamente se ria e dizia que eram poemas em
palavras sagradas de anjo, que um dia, quando crescêssemos todos, ele poderia
nos mostrar.
Há tempos, o menininho foi embora, partiu numa
onda do mar, mas deixou comigo suas penas e a sua coleção de pedrinhas. Vez em
quando pego uma para poder lhes contar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário