NALDOVELHO
Quando meus olhos entardeceram
eu percebi que o mundo que existia
não cabia na palma da minha mão
e que o meu umbigo sofria
de uma dor maior do que deveria
suportar o meu pobre coração.
Quando meus olhos entardeceram
eu acendi velas pros santos,
fiz orações aos quatro cantos,
pedi que a vida que existia
não tivesse tanta pressa,
tive muito medo de morrer.
Então eu me pus a registrar em versos
todos os meus passos pregressos,
todos os meus pensamentos insanos,
todos os meus desenganos,
na esperança de assim me eternizar,
pois uma vez mais eu tive medo de
morrer.
Quando os meus olhos entardeceram
eu tentei mergulhar dentro de mim,
na esperança de encontrar respostas
pois pela primeira vez eu entendia
que a vida que eu vivia deveria ter sido
maior do que aquela que existia em minhas
ilusões.
E aí eu vi que a solidão havia sido um caminho,
e que todas as feridas, cicatrizes,
espinhos,
nada mais eram do que a colheita de quem
fez da inquietude o seu único bem.
E a cada poema um pouco mais eu morria
com medo de não deixar nada para
ninguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário