NALDOVELHO
A lua a iluminar a janela,
um amontoado de lembranças,
um coração afrontado,
o cigarro compartilhado,
vinho encorpado, suave e branco,
noite friorenta de julho
e o tempo que tínhamos
era cúmplice de um sonho,
suave e ingênuo
que pulsava dentro de nós,
e a certeza de que a vida
era um pote de delicadezas,
coisas pequenas, miudezas,
gestos, olhares, sorrisos,
e entre isto e aquilo,
um beijo roubado,
um respirar ofegante,
música suave e paixão.
E a lua a iluminar a janela,
um abraço, um laço,
uma palavra macia
envolta em carinhos,
carinhos que encurtavam espaços,
e assim tão próximos
minhas pernas tremiam,
coisas de um apaixonado,
que nem poesia sabia,
sabia nem das dores do amor,
nem dos espinhos do depois.
E a lua ainda ilumina a janela,
ainda caminho pela suavidade,
e o pote de delicadezas
hoje transborda poesia,
foi o que me restou!
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