quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

UM POTE DE DELICADEZAS

    NALDOVELHO

    A lua a iluminar a janela,
    um amontoado de lembranças,
    um coração afrontado,
    o cigarro compartilhado,
    vinho encorpado, suave e branco,
    noite friorenta de julho
    e o tempo que tínhamos
    era cúmplice de um sonho,
    suave e ingênuo
    que pulsava dentro de nós,
    e a certeza de que a vida
    era um pote de delicadezas,
    coisas pequenas, miudezas,
    gestos, olhares, sorrisos,
    e entre isto e aquilo,
    um beijo roubado,
    um respirar ofegante,
    música suave e paixão.
    E a lua a iluminar a janela,
    um abraço, um laço,
    uma palavra macia
    envolta em carinhos,
    carinhos que encurtavam espaços,
    e assim tão próximos
    minhas pernas tremiam,
    coisas de um apaixonado,
    que nem poesia sabia,
    sabia nem das dores do amor,
    nem dos espinhos do depois.
    E a lua ainda ilumina a janela,
    ainda caminho pela suavidade,
    e o pote de delicadezas
    hoje transborda poesia,
    foi o que me restou!


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