NALDOVELHO
A poesia me agride
toda a vez que eu me
calo.
Ela queima em minha pele,
faz sangrar minha carne,
soca a boca do meu
estômago,
tumultua os meus dias
até que eu me
pronuncie.
A poesia me escreve
bilhetes desaforados
toda a vez que eu me afasto.
Ela brota do papel
em gotas ácidas
que penetram pelos meus
poros
e envenenam meu corpo.
A poesia me destrói pouco
a pouco
e afirma que só assim
eu apaziguarei meu
coração.
A poesia me alicia,
promete mundos e
fundos,
me escraviza, me agonia
e em momento algum
ela perguntou se eu
queria,
e por mais que eu sonhe
em ser uma pessoa qualquer,
ela vem e assopra em
meu rosto
palavras de encantamento e solidão.
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