NALDOVELHO
Tenho a impressão que no aspecto religiosidade, eu até estou bem situado!
Os
materialistas acham que eu não passo de um crédulo, um ignorante sonhador e
visionário, sem a menor noção da crua realidade que nos cerca.
Os espíritas
afirmam que eu sou um pobre sofredor que precisa de muita evangelização e que
após a minha passagem desta para a outra, vou ter que penar muito nos Umbrais
até poder ascender a uma nova chance em busca da minha redenção.
Os católicos
me veem como um herege, que só Deus em sua infinita misericórdia poderia me dar
o Seu perdão.
Os evangélicos
têm a firme convicção de que eu vou arder no fogo do inferno sem a menor chance
de absolvição. A menos, é claro que aceite Cristo em meu coração, poste meus
joelhos no chão, pague os dízimos e passe a viver em oração conforme manda o
Novo Testamento.
Os seguidores
da Umbanda e do Candomblé, penalizados, dizem que eu não passo de um rebelde
que durante toda a vida se recusou a se desenvolver na prática da mediunidade e
que por isto ainda vou ter que penar muito antes de conseguir ver a luz de
Aruanda.
Os mulçumanos
afiam suas espadas, sonhando com a minha cabeça cortada já que eu não passo de
um cão infiel.
Os budistas,
estes em sua postura zen, nunca me disseram nada, apenas observam e acreditam
que um dia, após muitas e muitas reencarnações, eu certamente encontrarei o meu
caminho e iluminação.
E Deus? Será
que ele concorda com esse povo todo. Ou será que Ele sorri diante disso tudo e
apenas diz: que eu não passo de um poeta, e por isto é preciso ter muita
paciência e compreensão.
Eu? Cada dia
que passa, sei menos... Mal consigo compreender a mim mesmo, portanto, muita
pretensão seria dizer que sou um sabedor da verdade e dos mistérios da Criação.
Então, um
passo de cada vez, e não percam tempo em tentar me mostrar seus caminhos, pois Ele
me fez inquieto, confuso e insurreto, e deve ter tido para isto, uma boa razão.
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