sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

REFLEXÕES DE UM POETA - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

NALDOVELHO

Tenho a impressão que no aspecto religiosidade, eu até estou bem situado!

Os materialistas acham que eu não passo de um crédulo, um ignorante sonhador e visionário, sem a menor noção da crua realidade que nos cerca.

Os espíritas afirmam que eu sou um pobre sofredor que precisa de muita evangelização e que após a minha passagem desta para a outra, vou ter que penar muito nos Umbrais até poder ascender a uma nova chance em busca da minha redenção.

Os católicos me veem como um herege, que só Deus em sua infinita misericórdia poderia me dar o Seu perdão.

Os evangélicos têm a firme convicção de que eu vou arder no fogo do inferno sem a menor chance de absolvição. A menos, é claro que aceite Cristo em meu coração, poste meus joelhos no chão, pague os dízimos e passe a viver em oração conforme manda o Novo Testamento.

Os seguidores da Umbanda e do Candomblé, penalizados, dizem que eu não passo de um rebelde que durante toda a vida se recusou a se desenvolver na prática da mediunidade e que por isto ainda vou ter que penar muito antes de conseguir ver a luz de Aruanda.

Os mulçumanos afiam suas espadas, sonhando com a minha cabeça cortada já que eu não passo de um cão infiel.

Os budistas, estes em sua postura zen, nunca me disseram nada, apenas observam e acreditam que um dia, após muitas e muitas reencarnações, eu certamente encontrarei o meu caminho e iluminação.

E Deus? Será que ele concorda com esse povo todo. Ou será que Ele sorri diante disso tudo e apenas diz: que eu não passo de um poeta, e por isto é preciso ter muita paciência e compreensão.

Eu? Cada dia que passa, sei menos... Mal consigo compreender a mim mesmo, portanto, muita pretensão seria dizer que sou um sabedor da verdade e dos mistérios da Criação.

Então, um passo de cada vez, e não percam tempo em tentar me mostrar seus caminhos, pois Ele me fez inquieto, confuso e insurreto, e deve ter tido para isto, uma boa razão.

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