NALDOVELHO
Eu
tenho uma caixinha de músicas
e
lá eu guardo as mais belas canções,
e
são tantas!
Vez
em quando pego uma
e
invento enredos, poemas,
revestidos
de trilhas sonoras
que
alimentam o meu ser.
Existem
músicas que eu percebo
encharcadas
de orvalho,
são
elas que preparam o amanhecer,
harmonias
próprias da madrugada,
e
eu já amanheci tantas vezes
que
até virei um especialista
na
arte de sobreviver.
Outras,
penso que sejam outonais,
e
quando isso acontece
eu
fecho os olhos e me vejo
caminhando
pelas ruas da cidade
de braços dados com um tempo de delicadeza
apinhado
de folhas caídas das árvores,
brisa
macia, tons de dourado, renovação.
Gosto
também daquelas
que
cheiram a entardecer...
Café
servido sem pressa,
as
rolinhas passeando pela sala,
janelas
propositadamente abertas,
e
a lua que chega a me dizer saudade:
eu
vim aqui só para te ver.
Mas
existem também
as
ardidas de desencontros,
de
insônia que brota insistente
das
paredes do meu quarto,
Lady
Day sussurrando em meus ouvidos,
uma
garrafa de uísque já pela metade
e
eu me percebo abraçado a um blues.
Nenhum comentário:
Postar um comentário