NALDOVELHO
O bruxulear de uma saudade,
olhos embaçados, tantas verdades,
um terço enrolado na mão direita,
uma sombra, o silêncio, uma suspeita,
madrugada que se arrasta pela cidade,
é o sol que surge sem fazer alarde,
é o dia que boceja em minha janela,
vinte e um de setembro, fim da espera.
Primavera que se assanha em meu jardim,
lírios, crisântemos, jasmins,
um anjo ao meu lado na espreita,
uma sombra, o silêncio, uma suspeita,
solidão companheira de tanto tempo
diz que é hora de partir num pé de vento
e o terço nas mãos suaviza meu coração,
acendo uma vela e me ponho em oração.
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