sábado, 23 de setembro de 2017

MANHÃS FRIORENTAS DE INVERNO

    NALDOVELHO

    Não deixe a porta aberta,
    as ruas ainda estão desertas,
    o dia não amanheceu por inteiro,
    lençóis, preguiça, seu cheiro,
    faz muito frio lá fora
    e é quente o seu aconchego.

    Não deixe a janela fechada,
    tem sempre um ventinho travesso
    querendo passear pelo quarto
    e ele traz cheiro de mato,
    possibilidade de mais um sonho,
    pois ainda é cedo para recomeçar.

    Não deixe fugir o pecado
    das suas pernas enlaçadas
    as minhas tremulas pernas,
    de seu sorriso abusado,
    da sua voz rouca em meus ouvidos,
    sutilezas, sussurros, segredos.

    Não deixe fugir o encanto
    do café forte e melado, 
    dos cigarros compartilhados,
    das manhãs friorentas de inverno,
    da possibilidade de encarcerarmos o tempo
    e nunca mais sentirmos saudade.



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