NALDOVELHO
Busco
uma palavra perdida, faz tempo,
entre tantas que eu deixei de falar,
entre tantas que eu deixei de falar,
uma
lágrima chorada pra dentro
por
conta de um arrependimento,
um
adeus dito da boca pra fora,
e
eu juro que tentei ir embora,
mas
o trem resolveu não passar.
Busco
uma palavra macia
capaz
de resgatar em mim a magia
do
carinho que eu neguei ofertar,
de
uma história não escrita,
de
um sorriso tristonho e arredio,
de
um poema escondido no armário,
de
uma janela que eu não consigo encontrar.
Busco
o meu amor derradeiro,
ainda
preservo em meus dedos o seu cheiro,
na
mesinha de cabeceira o seu retrato,
e
não raro escuto os seus passos,
e
por tê-la aconchegada em meus sonhos,
temo
que qualquer dia desses
eu
não queira mais acordar.
Busco
uma tarde chuvosa de outono,
uma
música visceral e profana,
saxofone,
contrabaixo e piano...
Eu
queria dizer tantas coisas,
eu
queria mostrar os meus livros,
e
a quantidade de poemas sofridos,
por
conta da palavra que eu deixei de falar.