NALDOVELHO
Há
em mim uma cidade
com
ruas e esquinas desertas,
becos
sombrios e friorentos,
jardins
tomados por eras e baobás.
Em
mim uma cidade se devora
nas
teias perversas do tempo,
na
demência de quem se flagela,
na
urgência de viver por um triz.
Há
em mim uma cidade partida
pelo
pai que negou amar seu filho,
por
um deus que deu um nó em nossas vidas,
muito
mais por isto do que por aquilo.
Em
mim uma cidade se questiona,
blasfema
contra quem vendeu sua fé,
rejeita
quem sorri, mas não se emociona,
e
não reconhece quem explora e diz ser feliz.
Há
em mim uma cidade entristecida,
pelas
escolhas recheadas de enganos,
pelas
portas maldosamente fechadas
por
pessoas que cultuam A PALAVRA errada.
Em
mim uma cidade agoniza
ao
ver vendilhões profanando templos,
ao
perceber o perigo de uma nova inquisição,
e
desta feita serão queimados os puros de coração!