NALDOVELHO
No
fio da navalha
um
olhar, meio assim, sem juízo,
uma
estranha sensação de loucura
e
o arrepio do abismo
toda
a vez que eu me aproximo de você.
E
a vida escoa impunemente,
pois
a saudade que se tem
é
quase nada, uma bobagem!
quando
o seu carinho diz: presente!
No
fio da navalha
dias
e noites em clausura
e
na poesia de acidentados caminhos
a
necessidade de dissolver os espinhos,
e
o medo de não conseguir compreender.
Pois
a dança do tempo se revela
numa
deliciosa sensação de ternura,
pois
toda a vez que eu acordo ao seu lado
percebo
que ainda há muito o quê viver.
No
fio da navalha,
as
horas agonizam aprisionadas
no
medo de se acordar de repente
e
descobrir que foi só um sonho bom,
o
amor que existia é passado
e
não há mais nada que possamos fazer.
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