NALDOVELHO
Alguém disse
que amanhã nascerá novembro,
de janela
desavergonhadamente aberta,
de bando de
pássaros em animada conversa,
de louvação as
águas que brotam sem pressa,
de um novo tempo
que ousará ser feliz.
Alguém disse
que a vizinha do lado,
que vive de
chorar suas saudades,
vai parir toda a
sua nostalgia
em poemas de amor
eterno
e que o vento vai
lhe trazer um romance,
e ela sorrirá de
alegria e nunca mais será infeliz.
Alguém disse
que o homem rico
que mora atrás das
grades douradas,
todas as
terças-feiras distribuirá seu rico dinheiro
entre mendigos e
arruaceiros
que em sua porta
formarão filas,
gente faminta e
descalça,
e que ele acolherá
em seu quarto
o enfermo e a
meretriz.
Eu, que sou um poeta
descrente,
prefiro acreditar
que o mês de novembro
vai ser apenas
úmido e quente
e que continuaremos a
sofrer nossas dores,
até que seja ser
chegada a hora
da inquietude que
temos ir embora,
dando lugar a
ternura
que eu sempre quis ver chegar.
que eu sempre quis ver chegar.
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